domingo, 4 de maio de 2014

Estou despedaçado

Quero um fim.
Não quero um princípio ou um meio,
Só um infindável redutor fim.
Transtornado este viver de enleios.

A vida faria mais sentido
Se não existisse de todo,
Pois este viver cuspido
Não passa de mais um andar torto.

Fragmentária a memória
Que queria não lembrar até.
Não passou de mais uma escória
Que só a enfrento se aplaudir de pé.

E queria esquecer tudo o que não vivi
Porque aquilo e aquilo que esqueci de fazer
Não passam de fragmentos do tempo em que caí.

E a última sonata por ouvir, viver,
Será aquela que não tem som
Pois só ela, e ela só, fará ferver
O meu sangue com a melancolia sem tom.