sexta-feira, 26 de abril de 2013

Solidão

Cada dia que passa
Vejo o quão sozinho estou...

Vejo todos os adoravelmente enjoativos casais,
Que ecoam as palavras "Amo-te para sempre"
Como se fosse um simples e ignorante "Bom dia!";
Que fazem questão de dizer ao mundo que
São um do outro durante duas longas e duradouras semanas.

Vejo as pessoas desaparecerem...
Irem para um lugar "melhor", diziam...
Partirem pelo horizonte e
Serem vistas por mim apenas na minha memória,
Na memória partida do que já foram.

Vejo poderosas árvores serem derrubadas
Como a criança rasga a frágil folha de papel por divertimento.
Vejo mares de vida serem secos
E substituídos pelos brinquedos do Humano e,
Num lapso, deixados em ruína.

Vejo a antiga panóplia cromática no céu
E lamento por hoje ser só uma
Grande, opaca e maciça nuvem descendente cinzenta
Que não deixa a luz do maior astro os meus olhos atingir.
Vivemos numa escuridão inacabada.

E vejo a minha pessoa... Uma pessoa só.
Uma pessoa una consigo mesma que
Ao tentar familiarizar-se com o mundo
Foi refutada... Errou e falhou redondamente.
Simplesmente solitário no relógio do desalento da vida...

Sim, estou só, mas não porque quis,
Mas sim porque tive de aprender
A conviver com a solidão que me foi
Forçosamente imposta por tudo o que me rodeou
E por todos os que me amam...

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Transgressão

O meu ser transgride para uma concepção
Do que era perfeito ao teu olho subtil.
Ao teu olho subtilmente enganado pelas
Palavras de um outro que te dizia que te queria mais.

Pergunto-me eu, outra e outra vez,
A quem vais recorrer quando o pior acontecer?
Serei eu mais uma vez apenas um ponto de conforto?

Disseste que eu o mais importante, e,
No final, fui só uma marioneta submissa às tuas palavras
Tão encantadoras como a tua pele de cetim,
Como os teus dois belos olhos redondos de avelã.

E eu, tolo, por querer mais de ti, por
Querer que me desses algo mais que palavras que
A ti não te fazem qualquer sentido.

Mas lembra-te, cada palavra tua, cada murmúrio,
É como a mais simples faca que atravessa
As minhas vísceras. Mas será?
Será que queres mesmo saber?

Eu, tolo, quero poder é distanciar-me de ti
E cair no esquecimento da memória da tua existência,
Para quando o teu nome for uma outra vez dito
A tua pessoa seja recordada loucamente como uma paixão inalcançada,
Mas que sempre no meu coração permaneceu.

Odeio-me por não seres sequer
A razão do meu viver, mas,
Seres, já, toda a minha vida.

E esta mutação que ocorre em mim vai mudar tudo.
Vai corroer todas as poucas memórias que tivemos.
E eu, tolo, vou deixar. Deixar um pedaço de mim destruído.

E eu, tolo, já não vou querer saber.
A transgressão do meu ser está feita
E agora debaixo de estrelas de açúcar vou eu permanecer.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Coexistência

Sempre na contínua coexistência
Entre o génio que nunca fui
E o mais puro anonimato que sempre serei...

Uma força quase que desprezível
Perante umas e outras adversidades...
Sempre algo, nunca alguém.
Nunca relevante, apenas um adereço.

E mais uma vez uma vara
Facilmente quebrável pelos
Ventos da insegurança e ambição.
A ambição de ser algo mais que nada.

E mais uma vez mantenho
Os meus gritos e choros
No mais sereno silêncio possível.

E mais uma vez rasgado, corpo e alma,
Pelos meus próprios obstáculos.
E sempre soube... O meu silêncio sempre será
Mais ruídoso que as inevitáveis gargalhadas forçadas.

E mais uma vez decidi ser falso e hipócrita.
Infiel a mim mesmo e
Submeter-me à vida e às suas ruínas.

O irónico que tenho sempre uma solução
Para o problema deles, para o dos outros,
Mas para os meus sempre fui um zero.
E mais uma vez uma adição nula incessável.

A genialidade da ajuda que sempre tive em mim
E o estúpido coexistir do ignorante de não se saber ajudar.
O anónimo impávido que não tem fim.
E eu mais uma vez coexistente no não existir.

sábado, 6 de abril de 2013

Transição

A transição de um mau para um pior.
Engaiolado como um animal
Para que furor de mim não emane
E permaneça embebido no calento da minha mente psicótica.

Caos diziam eles que eu faria.
E caos fiz. Caos provoquei.
Esperando uma mínima resposta,
Uma preocupação. Uma espera em vão.

Falsos. Todos falsos e hipócritas.
Palavras, tão ocas como as suas cabeças,
Que prometiam segurança e conforto e 
Aí notei a transição do mau para um pior.

Diziam que na fé do acreditar, a ingénua confiança,
No que eles diziam, tudo o que eu
Ansiava, Desejava, Morria por, 
Iam ser uma meta alcançada.

Mentiras! Tudo mentiras atrás de mentiras!
Uma birra tosca a que chamaram de caos,
Quando na verdade, um pedido de ajuda,
Um socorro ecoado no mundo abafado por futilidades.

Libertei a raiva, a ira, a fúria,
Deixei um "eu" que já não era eu
Tomar conta de mim e fazer o que sempre quis.
O que sempre quis mas nunca quisera.

O psicotismo de uma mente jovem que,
Sem saber, matou os próximos com simples termos,
Simples locuções que, esses sim, o dito "Caos" causaram...
E em pensar em tudo o que senti, apenas indiferença lembrei.

Um desejo de sentir-me preocupado invade-me,
Um arrependimento, mas nada lamento.
E assim o epílogo da vitória conquistada
Com desejo da arrependida falha fracassada.