terça-feira, 25 de agosto de 2015

Nunca soube

Nunca soube escrever. Sempre achei que sim, sempre houve algo que tilintava na minha cabeça e dizia "Ah se calhar não és assim tão mau...". Pensamentos parvos de puto que pensa que o amor é uma vela num apagão. Boa sorte, Júlio, há mais que se lhe diga! E agora não sinto nada senão um grande vazio, um vazio enorme, mas tão, tão grande, que acho que consigo ver pequenas coisas a preenchê-lo, ironicamente, embora isso não me apazigue de todo, continuo vago. Desisti de procurar quem me preenchesse; quem como quem diz, não é? Hoje em dia até algo me poderia ocupar, mas até as coisas que acho que vão de facto deixar-me de certo completo, acabam por ser mais coisas pequeninas a flutuar dentro de mim; já as esqueci; nem lembro do que falavam. Eram de amor? Paixão? Amizade? Aventura? Nem um. Nenhum. Nem sei. Nunca soube? Quem me deu o talento do egocentrismo que mo tire, não sou, ou pelo menos não era para ser, nasci inocente e ingénuo, deixaram-me ciente do que sou e de que odeio o que sou. Este texto não é sobre mim, é sobre não ser sobre mim, porque realmente não é? Estou farto. Mais que farto cansado, cansado de não ser. Deixem-me ser para apagar esta merda, outra futilidade que escrevo, cientemente, na falta de verso, melodia, estética; é tudo tão feio, tudo tão parecido, comigo. Não sei escrever e tudo porque não sei ser.

Sem comentários:

Enviar um comentário