domingo, 20 de outubro de 2013

Passar a Ferro

Depois de tanto pensar
E matutar,
Descobri que vestia
A vida às avessas.

E quando me deu para vesti-la
Como deve de ser,
Descobri que o outro lado havia sido
Corrompido por manchas sem fim de sangue e suor.

Vi então o quão horrível essa era,
Só queria queimá-la de mim,
Exorcizá-la para um complexo paralelo.
Para um Universo o mais próximo de distante.

Não gostava de ver-me,
Por isso despi-a mais uma vez.
A partir de agora ia usá-la,
E com orgulho, às avessas.

Ao olhar-me ao espelho só queria chorar.
A parte mais bela de mim, outrora limpa e pura,
Agora havia se tornado tal e qual como a que havia escondido.
Manchada, sem forma de retorno, não-lavável.

Já não tinha o que vestir e
Pela minha cabeça só passava a desistência.
Não queria ter que usar aquilo.
Por isso assim o fiz, desisti.

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