terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Complexo

A vida é um complexo.
Dilemas estranhos que crepitam no nosso ser.
E quando não o são,
Não valem a pena lutar.

No final é tudo uma mistela sem nexo.
No final só fica o que é duro,
E na vida nenhum de nós é duro.
Todos seres reles e putrefatos.
Impuros e desmerecedores.

E o irónico? O irónico é que,
No final, atingimos o auge da putridão ao olho nu,
Mas mesmo assim,
Conseguimos ser mais limpos
Do que na plena vida.

Qual é o propósito da vida
Sem haver sucesso?
Sem haver concretização do eu?
Sem haver nem um frémito de alegria?
Não tem, não existe.
Estes dilemas não resultam de nada.
Ou és tudo ou és nulo.
Largar ou perder.
Não existes, não marcas.

Ai Vida, deixa-me aqui
No meu solilóquio celestial, deixa-me aqui
A apreciar a Clemência e a Divindade que em tempos foras,
Abismando-me com o que és agora,
Desejando a morte aos do Além,
Que, outrora, foram os de Outrem.

Este ciclo incessável de ruídos
Causados por ti.
Causados pela tua ausência.
Fazendo-me tu falta, Vida.
Agora sentindo-me no estado eterno de dormência,
Relembrando que,
Queimado pelas chamas nunca deveria reignir.

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