sexta-feira, 1 de março de 2013

Sentidos

O significado que não significa nada.
A tua significância é insignificante,
E tudo o que antes era significativo,
Tudo que dantes era puro,
Agora tornou-se inexistivo.
Palavra rasgadas ecoavam,
Torturavam, vilipendiavam,
No meu ser.

O sentido que deixou de fazer
Porque tu deixaste, tu permitiste.
Tu permitiste esta subducção,
Onde eu metia tudo o que significava "tu"
Por cima de tudo que significava "eu".

A ignorância em que tu me tornaste,
Num ser vil.
Num ser sem sentido.
Num ser sem saber o que ser.

Porque o sentido perdeu-se
Para um mero caso com outros,
Por um mero caso com cravos.

E eu que dantes passeava nas urzes,
Senti necessidade de correr em campos de urtigas.
Senti necessidade de pegar em espinhos de rosas
E espalhá-los num caminho para que eu o percorresse;
Sentir a dor nas minhas plantas.
Sentir o ardor e sentir o sangue desaparecer.

Uma existência maltratada e
Um arcanjo que atirava flechas.
Uma existência como um São Sebastião,
Que ao defender no que acreditava,
Mil flechas ao seu corpo foram atiradas.
Um arcanjo como um São Miguel,
Lutou contra demónios e cristãos
Montado no seu dragão.
Não é o "eu" o dragão?

Sentidos ocos,
Sentidos vazios,
Sentidos que já não existem,
Sentidos que nunca deviam ter existido.

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