terça-feira, 26 de março de 2013

Madeira

Um pedaço de cipreste selvagem
Cai, ao som apaziguador da chuva.
Um grupo majestoso de cervos corre e foge
E avisam todos de calada do desastre eminente.

Um som ensurdecedor de pássaros e toupeiras
Que gritavam pela perda de um ramo,
Enquanto os cervos alimentavam-se
Do que restava daquela nobre ex-vida.

Uns lamentavam, outros gozavam.
Eu quieto vendo-me putrificar.
Uma morte verde.
E foi aí que surgiste.

A chuva caía e foi aí que te encontrei...
Um fungo que putrificou quem eu era antes.
Eu era um pedaço de madeira vivaz e tu,
Tornaste-me em não algo morto, mas em vida.

Tu tornaste possível que crescêssemos juntos,
Síncronos, em sintonia.
Desfiz-me por ti
E voltamos a fazer-nos por nós.

Um pedaço de cipreste selvagem
Que outrora caíra na calada da chuva,
Hoje tornara-se um cipreste bravo
Que durou e durou.

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